sexta-feira, 12 de março de 2021

Poema "Vazio"


Trêmulo de dor.
Agora falta-me o ar, 
Estou suspenso sem voar.
A mente cheia de um vazio,
Cada segundo traz um calafrio.
O coração bate sem nenhuma sincronia,
Os pensamentos tortuosos exalam melancolia.
Já não há plateia para aplaudir o movimento que ensaiei,
O que realmente importa nesta vil vida de artista? Já não sei.
Os amores se vão, as pessoas desaparecem, o sentimento humano entorpece,
O dia e a noite se confundem no eterno por vir, até a beleza do silêncio me ensurdece.
Chegou a hora de derrubar a quarta parede, explorar este que pode ser um caminho sem volta?
Mas tenho medo de deixar o palco que me acolhe, e depois descobrir que lá fora nada mais conforta.
Sinto vergonha por ter feito tão pouco. Quem poderia imaginar que um dia a arte ficaria trancada atrás da porta.
Desci relutante, me misturei à plateia, não posso olhar pra trás, mas sinto que estou incompleto e totalmente dilacerado.

Finalmente estou liberto, junto e misturado, o bumbum tantã, a vida louca me embala, provei do oscio humano e nele me delicio.

A vida segue então o seu fluxo, mil cairão a sua direita,  mil cairão a sua esquerda, mas seu coração permanecera como o palco: VAZIO.

                                                                                                                

Demetrinho Arruda é jornalista graduado pela UFMT.

Ator, produtor e cidadão do mundo.




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